quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

(talvez eu esteja pensando demais em você.)

Quero por um ponto final dessa narrativa para poder voar em paz. Seguir com meu ritmo. Com a minha vida. Construir minha subjetividade e exercer a singularidade de minha poesia. Gosto de poesia porque sei que ela faz parte do caminho. Para mim ela é como uma borboleta bem bela que pousa em cantinhos enquanto se está caminhando no centro agitado da cidade. E você para pra ver e não importa quem está atrás ou na frente. Simplesmente importa parar tudo que está fazendo por uns instantes e contemplar. Sorrir bobamente. 

Poesia é o salto. É quase um verbo ao invés de substantivo. É abstrato. Uma ação abstrata que nos convida ao íntimo. Que nos surpreende quando estamos conectados com os nossos sentimentos. Acredito que sempre há poesia no caminho. Ainda que o mundo seja um lugar tão doido e contraditório para se habitar. É difícil separar a beleza do descaso. As mágoas dos afetos. 

Eu não ignoro (e nem tento) o mundo que hábito. O enxergo e ter consciência dele é o que me fere. Por isso quando sou surpreendida por um beija-flor curiando um arbusto bem em minha frente eu sorrio que nem boba. Que é porque a poesia nos faz lembrar que mesmo habitando na coexistência de múltiplas narrativas, ainda há vida. Ainda há amor. Ainda há porque estar a caminhar. Desejo de voar nesse sentimento.

Sabe, tem acontecido esses devaneios constantemente. É porque estou no exercício de me reencontrar depois de ter me perdido em anos que dediquei minha poesia a uma única pessoa. Parecia que você queria meu canto de pássaro livre eternamente em sua gaiola. Você não soube lidar com a liberdade desse pássaro. Já te disse muitas vezes que sou bicho solto, não disse? 

A poesia me salva. Me torna coerente. Me faz parar de pensar apenas nos traumas. A poesia me convida a resistir. Que a poesia me cure desses pensamentos. Dos antigos sentimentos e que abra caminhos. Dentro de mim.

Eu já me sinto pronta.


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