Tudo que deixamos para trás e não voltamos para buscar.
O carinho descuidado, posto em segundo plano.
É como deixar uma flor cair no chão e não fazer esforço para
levantá-la de lá.
E achar que está tudo bem e muito bom,
beijar com raiva não pode, mas transar sem fazer amor, sim.
Embora as escolhas lexicais aqui colocadas não acusem nenhum
sujeito, elas apontam para tudo que nós deixamos em nós e nada adianta
encontrar o responsável, uma vez que o intervalo entre o crime e o culpado está a dor de sentir.
E sente mesmo.
Sente com força. Sente dislasceradamente, nos prazeres e nos
agoures.
E sente-se negligente no mundo. Um reles transeunte frente a
esses fatos. É enxergar nosso amor pegando um trem bem rápido e sumir numa linha
perpendicular até desaparecer de vez.
E não voltamos para buscar o eu te amo,
Resolvemos de toda singeleza de “- Covarde, moleque! e – Vai
tomar no seu cú!” substituir uma sequência repetida e bonita de “Boa noite,
amor. Durma bem.”, seguido de um “beijinho de E.T.”, cujo ritual criamos quando
sabíamos sentar na calçada e brincar de viver, de contar estrelas e trocar
poesias.
Ainda há tempo e espaço para o novo? Há tempo de parar de
escrever errado por linhas tortas e buscar a flor que caiu na calçada?
É possível sorrir de dentro de novo?